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Os
problemas de seca prolongada registrados no semiárido brasileiro devem
se agravar ainda mais nos próximos anos por causa das mudanças
climáticas globais. Por isso, é preciso executar ações urgentes de
adaptação e mitigação desses impactos e repensar os tipos de atividades
econômicas que podem ser desenvolvidas na região, avaliam pesquisadores
durante a 1ª Conclima (Conferência Nacional de Mudanças Climáticas
Globais), que ocorre até esta sexta-feira (13), em São Paulo.
De
acordo com dados do Cenad (Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e
Desastres), só nos últimos dois anos foram registrados 1.466 alertas de
municípios no semiárido que entraram em estado de emergência ou de
calamidade pública em razão de seca e estiagem. Esses são os desastres
naturais mais recorrentes no Brasil, segundo o órgão.
Os
problemas de seca prolongada registrados no semiárido brasileiro devem
se agravar ainda mais nos próximos anos por causa das mudanças
climáticas globais. Por isso, é preciso executar ações urgentes de
adaptação e mitigação desses impactos e repensar os tipos de atividades
econômicas que podem ser desenvolvidas na região, avaliam pesquisadores
durante a 1ª Conclima (Conferência Nacional de Mudanças Climáticas
Globais), que ocorre até esta sexta-feira (13), em São Paulo.
De
acordo com dados do Cenad (Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e
Desastres), só nos últimos dois anos foram registrados 1.466 alertas de
municípios no semiárido que entraram em estado de emergência ou de
calamidade pública em razão de seca e estiagem. Esses são os desastres
naturais mais recorrentes no Brasil, segundo o órgão.
Pastagem seca e carcaças de animais tornaram-se paisagem no município de Conde, no litoral norte da Bahia 2s4b35
A
Nordeste brasileira enfrenta a pior seca nos últimos 50 anos, segundo a
Organização Meteorológica Mundial. A onda de calor fez as temperaturas
médias ficarem entre 1ºC e 2°C acima do normal no ano ado, afetando
1.100 municípios na região.
O
Primeiro Relatório de Avaliação Nacional do PBMC ( Brasileiro de
Mudanças Climáticas), que foi divulgado no dia de abertura da Conclima,
estima que esses eventos extremos aumentem principalmente nos biomas
Amazônia, Cerrado e Caatinga, e que as mudanças devem se acentuar a
partir da metade e até o fim do século 21. Dessa forma, o semiárido
sofrerá ainda mais no futuro com o problema da escassez de água que
enfrenta hoje, alertaram os pesquisadores.
"Se
hoje já vemos que a situação é grave, os modelos de cenários futuros
das mudanças climáticas no Brasil indicam que o problema será ainda
pior. Por isso, todas as ações de adaptação e mitigação pensadas para
ser desenvolvidas ao longo dos próximos anos, na verdade, têm de ser
realizadas agora", disse Marcos Airton de Sousa Freitas, especialista em
recursos hídricos e técnico da ANA (Agência Nacional de Águas).
Segundo
o pesquisador, o semiárido - que abrange Bahia, Sergipe, Alagoas,
Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Piauí e o norte de
Minas Gerais - vive hoje o segundo ano do período de seca, iniciado em
2011, que pode se prolongar por um tempo indefinido.
Um
estudo do órgão, com base em dados de vazão de bacias hidrológicas da
região, apontou que a duração média dos períodos de seca no semiárido é
de 4,5 anos. Estados como o Ceará, no entanto, já enfrentaram secas com
duração de quase nove anos, seguidos por longos períodos nos quais
choveu abaixo da média estimada.
De
acordo com Freitas, a capacidade média dos principais reservatórios da
região - com volume acima de 10 milhões de metros cúbicos de água e
capacidade de abastecer os principais municípios por até três anos -
está atualmente na faixa de 40%. E a tendência até o fim deste ano é de
esvaziarem cada vez mais.
"Caso
não haja um aporte considerável de água nesses grandes reservatórios em
2013, poderemos ter uma transição do problema de seca que se observa
hoje no semiárido, mais rural, para uma 'seca urbana' - que atingiria a
população de cidades abastecidas por meio de adutoras desses sistemas de
reservatórios", alertou Freitas.
A
aviação internacional é apontada com um dos grandes contribuidores do
aquecimento global. Estima-se que 3,5% de todas as emissões globais
venham do transporte aéreo global 6t1c6a
Ações de adaptação
Uma
das ações de adaptação que começou a ser implementada no semiárido nos
últimos anos e que, de acordo com os pesquisadores, contribuiu para
diminuir sensivelmente a vulnerabilidade do o à água,
principalmente da população rural difusa, foi o Programa Um Milhão de
Cisternas.
Lançado
em 2003 pela Articulação Semiárido Brasileiro, rede formada por mais de
mil ONGs (organizações não governamentais) que atuam na gestão e no
desenvolvimento de políticas de convivência com a região semiárida, o
programa visa implementar um sistema nas comunidades rurais da região
por meio do qual a água das chuvas é capturada por calhas, instaladas
nos telhados das casas, e armazenada em cisternas cobertas e
semienterradas. As cisternas são construídas com placas de cimento
pré-moldadas, feitas pela própria comunidade, e têm capacidade de
armazenar até 16 mil litros de água.
O
programa tem contribuído para o aproveitamento da água da chuva em
locais onde chove até 600 milímetros por ano - comparável ao volume das
chuvas na Europa - que evaporam e são perdidos rapidamente sem um
mecanismo que os represe, avaliaram os pesquisadores.
"Mesmo
com a seca extrema na região nos últimos dois anos, observamos que a
água para o consumo da população rural difusa tem sido garantida pelo
programa, que já implantou cerca de 500 mil cisternas e é uma ação
política de adaptação a eventos climáticos extremos. Com programas
sociais, como o Bolsa Família, o programa Um Milhão de Cisternas tem
contribuído para atenuar os impactos negativos causados pelas secas
prolongadas na região", afirmou Saulo Rodrigues Filho, professor da UnB
(Universidade de Brasília).
Como
a água tende a ser um recurso natural cada vez mais raro no semiárido
nos próximos anos, Rodrigues defendeu a necessidade de repensar os tipos
de atividades econômicas mais indicadas para a região.
"Talvez
a agricultura não seja a atividade mais sustentável para o semiárido e
há evidências de que é preciso diversificar as atividades produtivas na
região, não dependendo apenas da agricultura familiar, que já enfrenta
problemas de perda de mão de obra, uma vez que o aumento dos níveis de
educação leva os jovens da região a se deslocar do campo para a cidade",
disse Rodrigues.
"Por
meio de políticas de geração de energia mais sustentáveis, como a solar
e a eólica, e de fomento a atividades como o artesanato e o turismo, é
possível contribuir para aumentar a resiliência dessas populações a
secas e estiagens agudas", afirmou.
Outras
medidas necessárias, apontada por Freitas, são de realocação de água
entre os setores econômicos que utilizam o recurso e seleção de culturas
agrícolas mais resistentes à escassez de água enfrentada na região.
"Há
culturas no semiárido, como capim para alimentação de gado, que
dependem de irrigação por aspersão. Não faz sentido ter esse tipo de
cultura que demanda muito água em uma região que sofrerá muito os
impactos das mudanças climáticas", afirmou Freitas.
O
Brasil tem duas empresas na lista das maiores poluidoras do mundo: a
Petrobrás e a Vale, líder na produção de minério de ferro (foto),
destaca o documento da Carbon Disclosure Project (CDP), organização
independente especializada no reporte climático das empresas. Juntas, as
50 maiores poluidoras entre as 500 maiores companhias do mundo cotadas
na bolsa emitiram 2,54 bilhões de toneladas métricas desde 2009, aumento
de 1,75% 1e2h53
O
pesquisador também defendeu que o projeto de transposição do Rio São
Francisco tornou-se muito mais necessário agora, tendo em vista que a
escassez de água deverá ser um problema cada vez maior no semiárido nas
próximas décadas, e é fundamental para complementar as ações
desenvolvidas na região para atenuar o risco de desabastecimento de
água.
Alvo
de críticas e previsto para ser concluído em 2015, o projeto prevê que
as águas do Rio São Francisco cheguem às bacias do Rio Jaguaribe, que
abastece o Ceará, e do Rio Piranhas-Açu, que abastece o Rio Grande do
Norte e a Paraíba.
De
acordo com um estudo realizado pela ANA, com financiamento do Banco
Mundial e participação de pesquisadores da Universidade Federal do
Ceará, entre outras instituições, a disponibilidade hídrica dessas duas
bacias deve diminuir sensivelmente nos próximos anos, contribuindo para
agravar ainda mais a deficiência hídrica do semiárido.
"A
transposição do Rio Francisco tornou-se muito mais necessária e deveria
ser acelerada porque contribuiria para minimizar o problema do déficit
de água no semiárido agora, que deve piorar com a previsão de diminuição
da disponibilidade hídrica nas bacias do Rio Jaguaribe e do Rio
Piranhas-Açu", disse Freitas.
O
Primeiro Relatório de Avaliação Nacional do PBMC, no entanto, indica
que a vazão do Rio São Francisco deve diminuir em até 30% até o fim do
século, o que colocaria o projeto de transposição sob ameaça.
Freitas,
contudo, ponderou que 70% do volume de água do Rio São Francisco vem de
bacias da região Sudeste, para as quais os modelos climáticos preveem
aumento da vazão nas próximas décadas. Além disso, de acordo com ele, o
volume total previsto para ser transposto para as bacias do Rio
Jaguaribe e do Rio Piranhas-Açu corresponde a apenas 2% da vazão média
da bacia do Rio São Francisco.
"É
uma situação completamente diferente do caso do Sistema Cantareira, por
exemplo, no qual praticamente 90% da água dos rios Piracicaba, Jundiaí e
Capivari são transpostas para abastecer a região metropolitana de São
Paulo", comparou. "Pode-se argumentar sobre a questão de custos da
transposição do Rio São Francisco. Mas, em termos de necessidade de uso
da água, o projeto reforçará a operação dos sistemas de reservatórios
existentes no semiárido."
De
acordo com o pesquisador, a água é distribuída de forma desigual no
território brasileiro. Enquanto 48% do total do volume de chuvas que cai
na Amazônia é escoado pela Bacia Amazônica, segundo Freitas, no
semiárido apenas em média 7% do volume de água precipitada na região
durante três a quatro meses chegam às bacias do Rio Jaguaribe e do Rio
Piranhas-Açu. Além disso, grande parte desse volume de água é perdido
pela evaporação. "Por isso, temos necessidade de armazenar essa água
restante para os meses nos quais não haverá disponibilidade", concluiu.
A NOTICIA BOM SUCESSO PB