O
vice-governador Rômulo Gouveia (PSD) anunciou nesta sexta-feira (27) o
rompimento político com o governador Ricardo Coutinho (PSB) e apoio à
pré-candidatura do senador Cássio Cunha Lima (PSDB) a governador da
Paraíba. A mudança política do vice-governador foi declarada por ele
durante entrevista coletiva dada na sede da Associação Paraibana da
Imprensa, em João Pessoa.
Leia mais notícias de Política do Portal Correio
Com
apoio aos tucanos, Rômulo retirou sua pré-candidatura ao Senado e irá
disputar uma vaga na Câmara Federal nas eleições deste ano.
O
motivo do ‘racha’ entre o PSD e o PSB foi atribuído pelo vice-governador
à retirada de sua pré-candidatura e lançamento da de Lucélio Cartaxo na
chapa do governador. Ao contrário do que o gestor estadual havia
declarado à imprensa, Gouveia afirmou que desconhecia as negociações
para a coligação entre PT e PSB e não abriu mão de sua pré-candidatura
ao Senado para dar espaço a Lucélio.
Segundo ele, o PSD foi
"alijado e excluído dos acordos partidários pelo PSB". Ele revelou que
não foi procurado pelo governador para comunicá-lo da sua retira de sua
pré-candidatura a senador. "O PSD tem honra, não tem preço", disparou
Rômulo.
Em sua carta de desistência, Gouveia fez graves acusações
ao Governo do Estado."O PSD foi alijado de todos os atos de Governo
(...) Como concordar de com a nomeação de servidores só por motivos
eleitorais? As nomeações que foram feitas no ultimo mês não foram
maiores que as feitas nos três anos de Governo”, acusou.
A aliança
entre o PT e PSB foi anunciada na quarta-feira (25) e confirmada
através de resolução aprovada pela Executiva Estadual petista nessa
quinta-feira (26). A
Confira a carta de Rômulo Gouveia lida na coletiva:
A
Paraíba acompanhou, em todos os os e detalhes, o acordo partidário
do PSB e do governador Ricardo Coutinho, que garantiu ao PSD a vaga de
candidato ao Senado em sua chapa para a eleição de outubro. A
reivindicação de um espaço majoritário na chapa governista era decisão
partidária, mais que projeto pessoal, com vistas a garantir ao PSD
presença expressiva no Congresso Nacional.
O acordo foi reiterado seguidas vezes, e de público, por instâncias
partidárias e pelo próprio governador, que mais de uma vez repetiu para
diferentes auditórios a garantia de nossa candidatura ao Senado. Nos
meios de comunicação, em sucessivas oportunidades, o governador nos
tratou como "nosso senador", assegurando, ainda mais, que o PSD
escolheria o posto a ocupar na chapa majoritária. Nenhum acordo, nenhuma
negociação se faria sem nosso conhecimento e aprovação.
Nas últimas semanas, no entanto, o acordo partidário vem sendo
sistematicamente descumprido pelo governador e pelo partido dele. O que
apenas se conhecia pela Imprensa se concretizou, com um surpreendente
loteamento dos cargos majoritários, alguns já assumidos, outros
sabidamente já negociados.
O PSD em momento algum
foi consultado sobre tais articulações. Em momento algum, abrimos mão de
nossa candidatura ao Senado, até porque se tratava de um projeto
partidário e não de um capricho pessoal. Jamais renunciamos. O que
houve, na verdade, foi um brutal alijamento e exclusão do processo de
composições partidárias, com o descumprimento inexplicável de acordos
privados, de compromissos públicos, de palavra empenhada e de parcerias
estabelecidas. Ontem nos enganaram. Hoje nos mentem. Sempre nos
desrespeitaram.
O PSD não foi alijado apenas das
articulações políticas, mas também de todos os atos de Governo, talvez
porque o próprio governador já soubesse, de antemão, de nossa posição
absolutamente contrária a algumas medidas das últimas semanas.
Como
concordar com as centenas de nomeações de agentes políticos, com o
objetivo mal disfarçado de conquistar os apoios eleitorais finalmente
contabilizados? O Governo fez em poucas semanas o que se recusara a
fazer nos primeiros anos de istração. Tudo o que não cedeu em três
anos, ele concedeu em poucas semanas. Talvez por isso os apoios que não
obtivera em três anos se multiplicaram em poucos dias.
Tenho a consciência absolutamente tranquila da lealdade com que
sempre me portei como vice-governador do Estado, inclusive assumindo o
ônus político de medidas sobre as quais jamais fora ouvido. Trabalhei e
colaborei em silêncio, sem jamais disputar holofotes muito menos o
protagonismo das ações de governo, que, no entanto, são de uma equipe
inteira, mais que de uma única pessoa. Não me arrependo. Ao contrário,
envaidece-me o trabalho da equipe de governo que integrei. Orgulho-me da
lealdade que é um valor de minha historia e marca de minha vida.
Apoiar, a essa altura, a reeleição do governador é avalizar o
desrespeito, a quebra de palavra e compromissos e compactuar com
práticas istrativas que o próprio governador e eu condenamos
durante os primeiros três anos de istração. O PSD não acredita em
ética de circunstância nem em moralidade de conveniência.
O PSD muda de trincheira para não mudar de valores e princípios. O
PSD apoiará, na plenitude de suas forças e na inteireza de seus
esforços, a candidatura de Cássio Cunha Lima, de quem em algum momento
nos distanciamos por um projeto partidário, e de quem nos reaproximamos
por uma decisão pessoal, de respeito a princípios e valores que são
irrenunciáveis. Mesmo quando temporariamente distanciados, jamais nos
desrespeitamos, nem em público, nem em privado. Os valores que nos
uniram uma vida inteira consolidarão uma aliança que transcenderá
dimensões puramente partidárias.
Com todas as adversidades,
mesmo com o noticiário insistente sobre nossas exclusão da chapa
majoritária, nosso nome cresceu consistentemente, em todas as regiões do
Estado, como prova de que os paraibanos julgavam, em nosso pleito, a
história de uma vida de quem já foi vereador, deputado estadual,
deputado federal e vice-governador,sendo presidente do Poder Legislativo
e que agora era indicado para ser senador. Agradeço a cada um dos que
defenderam nossa causa, em todos os pontos de nossa Paraíba. Agradeço,
muito particularmente, a minha querida Campina Grande, que não nos
faltou com seu apoio e confiança.
O projeto partidário do PSD,
de disputar espaço majoritário, fica temporariamente adiado. Submeto,
agora, meu nome e minha história, propostas e bandeiras à Paraíba, na
disputa de uma cadeira de deputado federal. A Paraíba julgará minha
decisão e minhas aspirações, em instância última e irrecorrível.
PORTAL CORREIO